Pequenas
crônicas de minha terra (7)
Um trem na
nossa cidade
Na primeira metade do século passado, a
nossa região (dos Lagos) tinha como principal fator de desenvolvimento a extração
de sal. Havia uma grande necessidade de fazer um escoamento mais rápido.
Paralelo a isso, na pequena vila do Arraial do Cabo havia um
local ideal para haver esse escoamento via navio no “pontão” do forno, na enseada
dos Anjos.
Em 1929, a Perynas, na época a
principal indústria salineira do país, tendo à frente Miguel Couto (futuro
Governador e Senador fluminense), obtém o direito de utilizar o porto do Forno.
Para
isso é feito um grande investimento, construindo uma estrada de ferro partindo
da raia do Forno se dirigindo a Ponta das Perynas na lagoa de Araruama e com pequenos ramais para a Ponta de
Massambaba e Ponta da Costa.
Assim,
em média 3 vezes por semana, sem horário físico, um trem a vapor, composto de 3
vagões, carregando toneladas de sal. Esse trem cortava a pequena cidade soltando
vapor e faíscas das madeiras queimadas nas caldeiras. E essas faíscas eram um
verdadeiro tormento para os moradores vizinhos a estrada férrea.
Acontece
que no Arraial havia muitas casas eram de pau a pique, com o telhado de uma espécie
de palha retirada em áreas úmidas da restinga. e as faíscas, ao cair nesse
telhado, provocava incêndio . Para completar, a água era muito escassa.
Assim
sendo, era comum os moradores deixarem latas d’água a frente de casa para um
socorro mais imediato. Como não tinha um horário fixo, o jeito era deitar perto
dos trilhos, encostando o ouvido, para escutar se havia trem chegando. quem
ouvisse, saía a gritar “O trem está chegando, o trem está chegando” e tomavam posições,
“armados com as suas latas para defender suas casas.
Hoje,
não temos mais sinais dessa linha de ferro.
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