sexta-feira, 24 de maio de 2024

Pequenas crônicas de minha terra (7) - Um trem na nossa cidade

 


 

Pequenas crônicas de minha terra (7)

Um trem na nossa cidade

         Na primeira metade do século passado, a nossa região (dos Lagos) tinha como principal fator de desenvolvimento a extração de sal. Havia uma grande necessidade de fazer um escoamento mais rápido.

         Paralelo a isso,  na pequena vila do Arraial do Cabo havia um local ideal para haver esse escoamento via navio no “pontão” do forno, na enseada dos Anjos.

         Em 1929, a Perynas, na época a principal indústria salineira do país, tendo à frente Miguel Couto (futuro Governador e Senador fluminense), obtém o direito de utilizar o porto do Forno.

Para isso é feito um grande investimento, construindo uma estrada de ferro partindo da raia do Forno se dirigindo a Ponta das Perynas na lagoa de Araruama  e com pequenos ramais para a Ponta de Massambaba e Ponta da Costa.

Assim, em média 3 vezes por semana, sem horário físico, um trem a vapor, composto de 3 vagões, carregando toneladas de sal. Esse trem cortava a pequena cidade soltando vapor e faíscas das madeiras queimadas nas caldeiras. E essas faíscas eram um verdadeiro tormento para os moradores vizinhos a estrada férrea.

Acontece que no Arraial havia muitas casas eram de pau a pique, com o telhado de uma espécie de palha retirada em áreas úmidas da restinga. e as faíscas, ao cair nesse telhado, provocava incêndio . Para completar, a água era muito escassa.

Assim sendo, era comum os moradores deixarem latas d’água a frente de casa para um socorro mais imediato. Como não tinha um horário fixo, o jeito era deitar perto dos trilhos, encostando o ouvido, para escutar se havia trem chegando. quem ouvisse, saía a gritar “O trem está chegando, o trem está chegando” e tomavam posições, “armados com as suas latas para defender suas casas.

Hoje, não temos mais sinais dessa linha de ferro.


quarta-feira, 22 de maio de 2024

Pequenas crônicas de minha terra (6) Porto do forno

 





Pequenas crônicas de minha terra (6)

Porto do Forno

            Lembranças de  que durante a minha adolescência na década de 70, aos domingos à tarde, saiamos em pequenos grupos para o “cais”, poie era um dia permitido de ser visitar os navios. Era tudo muito limpo e organizado e um tripulante, vestido como marinheiro, nos acompanhava a falar sobre o navio, a bussola, o leme, a importância do transporte naval.

            O porto do Forno (nosso antigo cais) está preste a completar 100 anos. O que era um pequeno cais de embarque e desembarque de pescadores, primeiro se transformou num espaço de barcos maiores para levar o pescado para a capital da república e outras cidades.

Depois, como o desenvolvimento das salinas na nossa região, se transformou no ponto final da saída do “ouro branco” para as outras cidades.  Foi algo que cresceu tanto que nos anos 30, foi construída uma estrada de ferro, onde um trem fazia o Perynas até o porto, facilitando assim o escoamento da produção.

Nos anos 50, foi pelo porto que toneladas de máquinas vinham da Europa para a implantação da Companhia Nacional de Álcalis, exigindo para isso melhorias para receber grandes navios.  Depois, foi sempre uma parceira importante na indústria, tendo um grande fluxo.

Algo que mexia com  a rotina da cidade era ouvir os apitos do navio chegando,  pois era um atrativo para a pequena cidade ver aquela grandes embarcações se aproximar e atracar no cais.

Essas lembranças  me fazem ter a noção que o Porto do forno, o nosso cais, era algo muito mais nosso. Tínhamos uma espécie d sentimento de pertencimento que, infelizmente, fomos perdendo com o tempo.

Hoje, parece que o porto está no Arraial... mas não é nosso.


Pequenas crônicas de minha terra (5) Sal – O ouro branco

 



Pequenas crônicas de minha terra (5)

Sal – O ouro branco

            Somos  fruto de uma aldeia de pescadores. Essa é a nossa vocação embrionária.  Mas paralela a essa vocação, muitos moradores  do Arraial do Cabo, assim como de toda a Região dos Lagos, teve a extração do sal como uma maneira digna de, com o suor do corpo, trazer o sustento para a família.

            E foi através dessa extração do Sal que a região teve os primeiros sinais de desenvolvimentos, pois saia de nossa região tonelada de sal para abastecer os grandes centros comerciais do Rio de Janeiro e de São Paulo.

            Entre esses primeiros sinais de desenvolvimentos, podemos dar como exemplo a construção do Porto do Forno, localizado em um local estratégico e a chegada de uma linha de trem que recebia o sal dos armazéns e traziam até barcos (navios) para um transporte mais eficaz.

            Nas décadas de 70 e 80 teve início a queda dessa atividade econômica e hoje restam poucas salinas em nossa região, sendo uma na região de Figueira.

            Interessante lembrarmos que a empresa de transporte de ônibus que atende a nossa região se chama Salineira, pois serve as nossas antigas salinas transformadas em bairros e em municípios.

            O grande ícone desse tempo não são os lindos moinhos nem as belas quadras brancas. São os SALINEIROS, brava gente de nossa região que com suor e trabalho digno, ajudaram no crescimento de nossas cidades


Pequenas crônicas de minha terra (4) - O TELEGRAFO DO CABO

 







Pequenas crônicas de minha terra – 4

O telegrafo do Cabo

Muito antes da construção do FAROL VELHO, em um dos pontos mais altos do Pontal do Atalaia,  em um mirante natural, foi erguida uma construção  para funcionamento de um Telegrafo.

Em um local estratégico, pois a visão do local é bastante ampla, podendo avistar navios e barcos a distância. O telegrafo tinha a função de se comunicar com as embarcações  através de um código de bandeiras, como também de enviar mensagens para outros observatórios.

Assim eram monitoradas as embarcações que apareciam por todo   nosso litoral, e com certeza, os piratas e os invasores eram descobertos com certa antecedência.

Podemos viajar no tempo e imaginar o trabalhador  no silencio do mirante, a observar o mar, em dias de calmarias e em dias de tormentas, a procurar um ponto diferente no horizonte e observa-lo até se aproximar mais e se dar a conhecer.

Hoje, desse local, só restam histórias e uma imagem da ruína.