O bicho do Cabo
Existe
na literatura brasileira uma história contada em 1854 pelo escritor cabofriense
Teixeira e Souza, primeiro romancista brasileiro, em seu livro
Providência, que faz menção a um acontecimento em nossa região entre os anos de
1819 e 1820.
Nessa
época uma terrível seca afligiu cabo frio e todo o seu contorno. Esta seca foi tão rigorosa que não só fez
secar a quase todos os pântanos e lagoas que nunca secaram, como fendeu o solo
até grande profundidade. E esse acontecimento
coincidiu com aparição de um animal
marinho até então desconhecido, fazendo com que o povo ligasse a seca com
aparição.
Perto
de Cabo frio, há três léguas, existia um pequeno arraial, que era chamado simplesmente
“o Cabo”. E como era nas praias desse local que aparecia esse anfíbio, o povo
lhe chamava de “o bicho do Cabo”. O povo dizia que esse animal era muito feio,
porém nunca fez mal a pessoa alguma, e que as vezes ele foge da presença
humana.
Um dia,
esse pobre bruto envolveu-se numa rede dos pescadores, e esses, por sentirem
grande pavor, o mataram a pauladas e fisgadas. Enquanto apanhava, o coitado
soltava gritos como os humanos. Depois de morto, cortaram uma das mãos e
andaram mostrando pela cidade.
Atribuía-se
a esse animal coisas extraordinárias e por incrível que pareça, após essa
fatalidade, veio uma forte chuva na
região, acabando com a seca e fortalecendo a crença que tudo era causa do bicho
de Cabo.
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